Subscribe:

Páginas

22 de dez. de 2008

Recandidatura de Garibaldi Filho à presidência do Senado Federal ainda não emplacou

Mergulhado no recesso, o Senado volta-se integralmente para as negociações em torno da cadeira de presidente.

Oficialmente, há dois candidatos: Tião Viana (PT-AC) e Garibaldi Alves (PMDB-RN). Mas os principais negociadores agem como se só houvesse um.

Pendurada numa dúvida legal, a recandidatura de Garibaldi não emplacou nem mesmo dentro do partido dele.

À luz do dia, a pretensão de Garibaldi é vendida como uma unanimidade no PMDB. À sombra, caciques do partido informam que a coisa não é para valer.

Renan Calheiros (PMDB-AL) diz à oposição que Garibaldi apenas esquenta uma cadeira que será ocupada por outro candidato: José Sarney (PMDB-AP).

Um pedaço da oposição, representado pelo PSDB, já cansou do vaivém de Renan. E aprofunda a negociação com Tião Viana.

Um almoço reservado reuniu, há quatro dias, o candidato do PT e os dois negociadores do tucanato: Sérgio Guerra (PE) e Arthur Virgílio (AM).

Desceram aos detalhes. Esboçaram a repartição dos cargos na direção e nas comissões do Senado. Virgílio, que atirava contra Tião, foi à mesa desarmado.

O diálogo tucano-petista prosseguirá nesta semana. Guerra e Virgílio vêm a Brasília só para isso. Devem ter novo encontro com Tião.

O candidato petista aproximou-se também de José Agripino Maia (RN), líder e negociador do DEM. Visitou o gabinete dele na semana passada.

Não foi uma conversa minudente como a que Tião teve com os tucanos. Mas Agripino, até então avesso a um acerto com o petista, disse: "As portas não estão fechadas".

E quanto a Garibaldi e PMDB? "Muita gente não acredita que ele seja candidato, como não acredita que Sarney será", diz, em privado, o tucano Sérgio Guerra.

"Se Sarney for o candidato do PMDB, ele ganha", raciocina, a portas fechadas, o 'demo' Agripino Maia. "Mas..."

"Mas, na indefinição, nós não vamos ficar condenados a dialogar só com um lado, deixando o Tião Viana, que quer conversar conosco, falando sozinho".

Ou seja: se o PMDB optasse por Sarney, teria o apoio instantâneo do DEM. Teria enormes chances de arrastar também as fichas do PSDB. E o pôquer do Senado estaria definido.

Fixando-se em Garibaldi, o PMDB empurra a oposição para o colo de Tião Viana. A costura começa a receber pontos que, depois, será difícil de desfazer.

Preto no branco, Tião Viana dispõe, por ora, de 32 votos. Para prevalecer no plenário, precisa de 41. Faltam-lhe nove votos.

A conta não inclui ainda o governista PTB, dono de sete votos. Quem segura a bancada é o líder Epitácio Cafeteira (MA), unha e cutícula com Sarney.

Sem Sarney, o PTB pende para Tião. Restariam, então, dois votos. Francisco Dornelles (RJ), único senador do PP, ainda não disse como vota. Se for de Tião, fica faltando um.

Pelo menos sete senadores do PMDB informam nos subterrâneos, protegidos pelo anonimato, que vão de Tião se o partido insistir em Garibaldi.

Neste caso, o jogo estaria jogado. Na hipótese de um acerto de Tião com a oposição, a mão iria definitivamente à taça.

Afora o quinta-colunismo do PMDB e o pé atrás da oposição, Garibaldi ganhou na semana passada um adversário de peso: Lula.

Em café da manhã com jornalistas, o presidente levou o dedo à ferida da recandidatura de Garibaldi. Disse que a pretensão não tem amparo legal.

Garibaldi coleciona escritos de advogados que sustentam o contrário. Mas nem o PMDB parece disposto a comprar uma briga que só se resolve com um acórdão do STF.

Fonte: Blog de Josias de Souza

0 comentários:

Postar um comentário