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27 de jun. de 2009

Agripino: "Não faremos força para derrubar Sarney, mas, se não der, também não vamos ajudar a sustentá-lo”

Foto: Divulgação
Agripino Maia exige explicações convincentes do aliado Sarney


Menos de cinco meses depois de ter sido eleito para a sua terceira presidência no Senado, José Sarney respira uma atmosfera de fim de gestão.

Instado a abandonar a cadeira – por renúncia ou por licença— Sarney dá de ombros: “Não vou sair. Não há razão para isso”, diz, em privado.

Antevê para os próximos dias um agravamento do mau tempo. Para atravessar a borrasca, cuidou, nesta sexta (26), de vistoriar a armada.

Reuniu-se com os dois líderes que lhe são mais fiéis: Renan Calheiros, do seu PMDB; e Gim Argelo, do PTB.

Por decisão de Sarney, a conversa ocorreu na sala da presidência do Senado.

Na véspera, acuado pela descoberta de que o neto José Adriano Cordeiro Sarney agencia empréstimos a servidores do Senado, Sarney trancara-se em casa.

Fugira do assédio dos repórteres e do burburinho do plenário. Não queria que um segundo dia de ausência consolidasse a idéia de que é pautado pelo medo.

A portas fechadas, Sarney, Renan e Argelo passaram a conjuntura em revista. Concluíram que o noticiário sobre o neto produzira uma trinca no casco.

Alarmaram-se com o movimento ensaiado por um protoaliado. A marujada do DEM –14 senadores— caminha na direção do bote salva-vidas.

Decidiram tentar demover os ‘demos’ da idéia de abandonar o navio. O próprio Sarney tocou o telefone para José Agripino Maia.

Acalçou-o pelo celular, no interior do Rio Grande do Norte. Explicou-lhe as razões que o levaram a soltar a nota da véspera.

Um texto em que se apresentara como vítima de uma “campanha midiática”, por conta do “apoio” que dá a Lula e ao governo dele.

Agripino disse a Sarney que, para o DEM, é essencial que ele explique, de modo “convincente”, os negócios do neto José Adriano.

Como a conversa pareceu malparada, Sarney pediu a Renan que ligasse, também ele, para Agripino.

No diálogo com Renan, o líder ‘demo’ soou mais específico. Disse que o neto de Sarney fora pendurado nas manchetes em posição constrangedora.

Afirmou que o DEM defendera o afastamento do ex-diretor João Zoghbi logo que se descobrira que ele fizera negócios nas franjas da folha de pagamento do Senado.

Comparou a ação do neto de Sarney à do filho de Zoghbi, que, associado a uma baba-laranja, agenciara empréstimos consignados no Senado. Agripino deixou claro a Renan que, sem um lote de explicações que lhe ofereçam “conforto”, o DEM pode, sim, tomar distância de Sarney.

Mais tarde, ao trocar idéias com um amigo, Agripino explicaria: “Não faremos força para derrubar Sarney, mas, se não der, também não vamos ajudar a sustentá-lo”. Diante do cheiro de queimado, Sarney mandou levantar informações sobre os negócios da Sarcris, a empresa do neto.

A firma começou a operar em 2007. Firmou contrato com seis casas bancárias. Quatro permanecem em vigor. O DEM reunirá sua bancada na próxima terça (30). Traz os olhos grudados no noticiário. E aguarda pelas explicações “convincentes” de Sarney.

Fonte: Blog de Josias de Souza.

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